The Star-Borne: A Remembrance for the Awakened Ones

Copyright, 1989 por Solara. Todos os Direitos Reservados.
Traduzido por Andre B. Souza



Agora vocês já sabem quem são.
Vocês estão por toda parte, misturados às massas da humanidade,
andando entre nós.

Vocês podem ser encontrados em todas as partes, numa miríade de ocupações e estilos de vida, num leque de culturas tão extenso quanto o planeta pode oferecer. No entanto, vocês absolutamente não se sentem como se fossem daqui. Muitos de vocês se sentiram abandonados, como se tivessem sido entregues em adoção por seus pais verdadeiros, indo parar numa estranha família de alienígenas. Quando eram pequenos, pode ser que tenham olhado nos olhos de suas mães, pais ou parentes e se perguntado quem era aquela gente e por quê vocês estavam vivendo com eles. À noite olhando para as estrelas no céu, vocês choravam para elas, pedindo que o seu verdadeiro povo viesse para tira-los desta realidade estranha. Sim, vocês são dos Star-Borne – os Nascidos nas Estrelas.

Na infância, vocês tiveram muitos sonhos e experiências fora do comum. Tentaram compartilha-las com suas famílias, mas tudo aquilo foi desconsiderado como sendo o fruto de uma imaginação muito fértil. Alguns de vocês se lembram sobre como flutuavam sobre suas camas à noite, olhando para o seu corpo adormecido com um estranho distanciamento. Ou talvez tenham tido a experiência de se sentirem tão vastos, que isso ia além dos seus limites de compreensão. E justo quando vocês começavam a ajustar seus parâmetros à idéia de serem tão vastos... em um segundo vocês voltavam a serem pequenos, se sentindo tão minúsculos que nem podiam aguentar.

Talvez vocês já tenham tido a sensação de verem as coisas passar tão rápido, que tudo se tornava uma mancha indistinta, fazendo-os se sentirem tontos e enjoados. E, de repente, tudo desacelerava de uma forma tal, que o tempo parecia se arrastar, fazendo-os enlouquecer de impaciência. Essas vivências de infância, algumas das quais até hoje ainda acontecem com vocês, foram jornadas através dos diversos buracos negros e portais dimensionais, para as quais vocês estavam mais afeitos e eram mais abertos a experimentar quando eram jovens e ignorantes sobre o jeito desse mundo contemporâneo, onde se pensa que coisas como essas simplesmente não existem.

Pode ser que vocês tenham encontrado fadas em ambientes naturais, e que elas tenham alegremente compartilhado com vocês os seus segredinhos. Pois as fadas sempre ficam felizes quando os humanos reconhecem a sua presença e se põem a brincar com elas. Na verdade, é exatamente isso o que tinha sido programado para acontecer. Talvez, os Anjos tenham vindo visita-los à noite, na privacidade de seus quartos, onde o mundo exterior não se intrometia. E eles lhes cantaram a Canção das Estrelas, sempre mantendo um olhar protetor sobre vocês, e às vezes curando-os de doenças ou aliviando o seu desespero. Ou então acontecia de vocês tarde da noite serem visitados em suas camas por brilhantes esferas coloridas, o que era estranhamente confortador. Sim, então vocês são membros dos Star-Borne.

Ou talvez vocês se sentissem perdidos, que tivessem tomado um rumo errado em suas jornadas e acabado vindo acidentalmente para o planeta Terra. Porém vocês não conseguem se lembrar de algum jeito de voltar para Casa. À noite vocês contemplam o céu estrelado, esperando que o seu cintilar possa avivar alguma vaga memória, de tanto tempo atrás, que vocês possam receber alguma centelha que os ajude. Quando andam por este planeta em um estado de sonambulismo resignado, vocês dizem consigo mesmos que já que estão aqui, então isso deve ser por alguma razão. Talvez haja algum tipo de serviço que vocês sejam capazes de prestar, em troca da sua passagem de volta para casa. Sim, então vocês são membros dos Star-Borne.

Mas então, pode ser que vocês estejam na Terra como algum tipo de punição, por causa de alguma transgressão grave que tenham cometido “em algum outro lugar.” Talvez consigam se lembrar de algum tipo de abuso de poder em uma outra dimensão. E agora estão neste planeta para expiar suas antigas faltas. E com isso, é claro, vocês dão um jeito de se manterem tão diminutos quanto possível, para que nunca mais tenham que enfrentar o desafio de serem um instrumento do poder! Vocês são os que são chamados de “feridos ambulantes”... cheios de espadas, punhais e machadinhas que vocês mesmos cravaram em si. A dor constante os mantém pequenos e a salvo do risco de se tornarem fortes demais. Andando por este mundo com um cuidado em se autoapagar, como que curvados sob a imensa carga de culpa que carregam. Cientes de que “não merecem” ir para Casa, aceitando a pena de banimento e desgraça, sem se questionarem. Sim, vocês são mesmo membros dos Star-Borne.

Cada um de nós, os Star-Borne, vem carregando esses sentimentos dentro de si, profundamente enraizados em nossos bancos de memória celulares. Nos perguntamos a razão de estarmos aqui, o porque de sermos tão diferentes dos “outros” e porque não nos encaixamos nos padrões de existência dados como “normais”. É como se ouvíssemos uma música diferente da ouvida pela maioria das pessoas. Uma música que nos toca profundamente; no entanto, uma que a maioria dos outros sequer parece escutar. E são os fragmentos dessa preciosa canção que nos permitem ir em frente, como que procurando encontrar as peças soltas de algum obscuro quebracabeças, tão sagrado para nós, mas ao mesmo tempo ignorado pela maioria dos outros.

Ajuntando as nossas memórias redespertas
como pérolas que passamos em um cordão,
nos esforçando para criar um colar de lembranças.


E assim se tem passado para todos nós, enquanto vivemos nossas incontáveis encarnações sobre o planeta. Terra. Em algumas delas, nós conseguimos nos disfarçar tão bem, que quase chegamos a conseguir passar por "normais", experimentando breves períodos de adequação. Mas no final não nos sentíamos bem por dentro com essas farsas. Em geral isso ficar doentes, às vezes tão doentes, que até mesmo morríamos. Mas sempre retornávamos para outra encarnação, uma outra chance para tentar novamente.

E há a questão de nossas regras internas e nossos códigos de conduta. Eles em geral conflitavam com os que prevaleciam na Terra em cada época. Parecia que nascíamos com regras, valores e leis diferentes a obedecer. Atos que eram completamente inócuos para os outros, se tornavam danosos para nós, enquanto que podíamos fazer coisas que não eram permitidas para a maior parte da humanidade. Isso não só era um tanto confuso, como frequentemente nos trazia um bocado de problemas. Trata-se de um estado de coisas que ainda perdura até os dias de hoje.

Às vezes éramos abençoados e encontrávamos um outro que parecia entender tudo isso... talvez porque fosse alguém que também conseguisse ouvir a sagrada canção. Que dádiva era, quando conseguíamos compartilhar nossos verdadeiros sentimentos, comunicando uns aos outros os nossos mais preciosos e secretos anseios. Durante aqueles breves momentos, nós não nos sentíamos tão perdidos e sozinhos. Às vezes, recebíamos um penetrante olhar de um estranho na rua, e isso parecia erguer nosso moral, dando-nos a esperança de que lá fora, em algum lugar, existiam outros, outros que nos compreendiam.


Mas na maior parte do tempo,
vivíamos dolorosamente sozinhos e ignorados.
E continuávamos a procurar.
Continuávamos a chorar para as estrelas,
para que alguém viesse e nos carregasse para Casa!


Até mesmo em nossa forma física éramos diferentes. Frequentemente nossa temperatura baixava ao invés de subir quando ficávamos doentes; era comum vivermos com baixa pressão arterial e narizes entupidos. Às vezes nossa coluna era estranha. Conseguíamos dobrar nossos corpos de formas incomuns, o que eles chamam de "ser de borracha". Mas eram nossos olhos o verdadeiro grande diferencial. Tínhamos um olhar e uma maneira de olhar que era definitivamente diferente daquela das massas. Conseguíamos VER. Isso significa que podíamos ver além que é normalmente percebido através de olhos físicos. Podíamos olhar para dentro de uma pessoa e ler o que ia em sua alma, saber seus pensamentos e sentimentos mais íntimos. E isso deixava muitas pessoas desconfortáveis ao nosso redor. Frequentemente não gostavam de nós por pensarem que estávamos sempre querendo saber mais sobre a vida dos outros; mas a verdade ´que o fazíamos naturalmente, sem qualquer esforço de nossa parte. Era parte de nossa condição como Star-Borne.

E assim vivemos nossas vidas... sozinhos, separados, solitários e incompreendidos. Sempre buscando ser melhor compreendidos em nossas necessidades. Sempre procurando pela solução que nos levasse de volta para casa. Encontrando consolo, sempre que possível... num flash de amizade, na doce e fugaz paixão amorosa, ou através da comunhão com a natureza.

A beleza natural nos alimentando gentilmente,
acalmando nossas inquietudes,
dando-nos chão em meio aos seus eternos processos de mudança:
ciclos de nascimento, morte e renovação.


Aí, sozinhos em meio à natureza, nós quase nos sentíamos em casa neste planeta. Sua simplicidade nos abraçava, como uma mãe ao seu bebê. E nos sentíamos socorridos e protegidos de nossa imensa vulnerabilidade. Podíamos relaxar por algum tempo e respirar livre e profundamente, adquirindo novas forças para nosso retorno ao mundo.

Esse mundo nos atacou desde o princípio, não importa em que período de tempo ou localização geográfica tenhamos encarnado, apesar de que certas culturas eram mais iluminadas que outras e algumas encarnações foram mais fáceis. Para que pudéssemos ocultar nossa sensibilidade, tentamos nos proteger com todo tipo de couraça. É claro que ela praticamente nunca nos deu qualquer proteção real. Finalmente, o peso combinado dessas múltiplas camadas de couraça se tornou um fardo insuportável. Nós mal conseguíamos andar, mas ainda assim ainda nos sentíamos muito expostos.

Ao longo dos tempos, temos sido lançados a toda sorte da diversidade de expressões inerentes ao planeta Terra. Experimentamos ser ricos e pobres, sábios e ignorantes, poderosos e insignificantes. Em última análise, tudo isso se torna indistinto. Nós vimos e experimentamos de tudo! Parece que não tínhamos nada mais a fazer.

Começamos a nos sentir muito cansados de nosso extenso ciclo de encarnações neste planeta. Às vezes, o fato de contemplar outro lindo por de sol, ou de ouvir mais um galo cantando para anunciar a chegada de mais um dia nos levava a silenciosas lágrimas de profunda fadiga. Por quanto tempo mais isso haveria de se repetir?

Tínhamos feito de tudo, tínhamos sido de tudo, em muitas ocasiões.
A alegria e a tristeza se mesclavam em uma repetição infindável.


Porém, ainda assim havia alguma coisa que ainda não tinha sido experimentada por nós. Era a única coisa pela qual nós procurávamos e ansiávamos. O ato de lembrança que sabíamos que seria absolutamente necessário para que encontrássemos a chave que nos permitisse retornar à Unidade. A coisa mais preciosa, que sempre tinha se esquivado de nós, a despeito de todas as nossas aventuras terrenas....